Como surge a água no diesel e por que o B15 agrava a piora da qualidade do combustível
Com a chegada do diesel B15 em agosto de 2025, aumentam os riscos de água, borra e corrosão nos tanques e motores. Descubra como a mistura impacta a qualidade do combustível e veja práticas para proteger sua frota e manter a eficiência.
9/2/20255 min read


O óleo diesel é o combustível de quase todo o transporte rodoviário pesado no Brasil, mas a sua qualidade depende de cuidados minuciosos com armazenamento e composição. A partir de 1.º de agosto de 2025, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) elevou a mistura obrigatória de biodiesel de 14 % para 15 % (B15). Esse aumento visa estimular a produção agrícola e reduzir emissões, mas traz desafios técnicos porque o biodiesel é higroscópico (absorve água) e menos estável que o diesel mineral. Para entender por que o B15 piora o cenário da qualidade do diesel, é preciso compreender como a água entra no combustível e quais são suas consequências.
Como a água surge no diesel
A água pode se misturar ao diesel de diferentes formas: livre (depositada no fundo do tanque), emulsificada (gotículas suspensas) ou dissolvida. Existem várias fontes de contaminação:
Condensação do ar que respira o tanque – o ar úmido entra pelo bocal de respiração dos tanques e condensa-se no interior, formando água livre. Durante o trajeto da refinaria ao consumidor, o diesel passa por vários tanques (4 a 8) e todos podem adicionar um pouco de água. Diferenças de temperatura entre o ambiente e o interior do tanque também geram gotículas de condensação.
Variações de temperatura e saturação – o combustível quente retém mais água dissolvida que o frio. Quando esfria, a água excedente precipita e torna‑se água livre. O biodiesel retém mais água na saturação que o diesel, mas a mistura B15 não mantém essa capacidade, facilitando a precipitação.
Entrada de água na entrega e vazamentos – o combustível pode chegar já contaminado, e falhas de vedação, chuva ou lavagem sob pressão permitem entrada de água nos tanques. Novos estoques também podem conter água dispersa ou emulsificada.
Umidade do ar – o diesel tende a equilibrar sua umidade com a do ar. Se o ar estiver mais úmido que o combustível, o diesel absorverá água; se estiver mais seco, a água se evaporará.
Mesmo pequenas quantidades de água são perigosas: em tanques de armazenamento, 1 % de água já é suficiente para desencadear crescimento microbiano.
Consequências da presença de água
Quando a água está presente, ocorrem reações químicas e biológicas que degradam o combustível e os sistemas de injeção:
Formação de borra e biofilme – a combinação de água, nutrientes e oxigênio permite a proliferação de bactérias e fungos. Essa biomassa, conhecida como borra do diesel, forma sedimentos biológicos que entopem filtros e linhas de combustível. A borra também surge porque o biodiesel decanta no tanque e cria uma camada de graxa que migra para o motor.
Corrosão e ferrugem – a água causa oxidação de metais e degrada componentes. Ela pode reagir com ácidos do combustível, corroendo superfícies ferrosas e não ferrosas.
Desgaste abrasivo – por ter viscosidade menor que o diesel, a água reduz a película lubrificante, aumentando o atrito e o desgaste das peças. Cristais de gelo formados pela água congelada agem como partículas sólidas e entopem filtros.
Oxidação prematura e precipitação de sólidos – o biodiesel tem baixa estabilidade oxidativa e, em contato com água e oxigênio, degrada‑se rapidamente, formando resinas e sedimentos que obstruem injetores.
Esses efeitos são cumulativos: borra, ferrugem e sedimentos reduzem o desempenho, aumentam o consumo e podem causar falhas prematuras no motor.
O que muda com o B15 no Brasil
O CNPE aprovou, em 25 de junho de 2025, o aumento da mistura obrigatória de biodiesel para 15 % (B15), com vigência a partir de 1.º de agosto de 2025. Segundo a agência OFI Magazine, o objetivo é estimular a produção de biocombustíveis e investimentos no setor; a mudança promete gerar mais de R$ 5 bilhões em investimentos e criar milhares de empregos. Porém, especialistas do Ministério de Minas e Energia admitem que custo, oferta de matéria‑prima e estabilidade regulatória ainda são desafios.
Por que o B15 piora a qualidade do diesel
Embora o biodiesel seja renovável e reduza emissões, ele traz problemas técnicos quando usado em grandes proporções:
Higroscopicidade maior – o biodiesel absorve mais água que o diesel mineral. Misturas acima de 10 % tornam o combustível mais suscetível à absorção de umidade, favorecendo a precipitação de água livre e o crescimento de micro-organismos.
Baixa estabilidade oxidativa – a presença de ácidos graxos no biodiesel faz com que ele se oxide facilmente. Essa oxidação, potencializada pela água, gera borra que entope filtros e bicos injetores.
Aumento de corrosão – mais biodiesel significa maior teor de água e ácidos, acelerando ferrugem e corrosão dos tanques e sistemas de injeção.
Menor poder calorífico – o biodiesel tem valor energético menor que o diesel, reduzindo a autonomia. Para compensar a perda de energia e mitigar os problemas de água, os motores podem exigir aditivos e manutenção mais frequentes.
Além disso, como a mistura B15 contém mais água em saturação, pequenos resfriamentos podem precipitar quantidades significativas de água livre. Isso agrava o cenário de borra e micro-organismos, exigindo mais filtração e cuidados.
Como prevenir problemas de água no diesel B15
Algumas práticas ajudam a reduzir a contaminação por água e os efeitos negativos do B15:
Abasteça em postos confiáveis – combustível de fornecedores sérios tem menor probabilidade de estar contaminado e segue as especificações da ANP.
Evite estocar grandes volumes – quanto mais tempo o diesel fica parado, maior a chance de decantação e formação de borra.
Realize drenagens e limpezas regulares – drenar periodicamente a água do fundo dos tanques e limpar as paredes reduz a população de micro‑organismos.
Use aditivos apropriados – estabilizadores e biocidas ajudam a manter a mistura homogênea, inibindo a oxidação e controlando bactérias e fungos.
Instale sistemas de remoção de água – filtros coalescentes e absorvedores na entrada do tanque impedem que água livre entre no sistema.
Monitore a umidade – sensores de água e testes (como o método Karl Fischer) permitem acompanhar o teor de água e tomar ações antes que a saturação seja excedida.
Proteja as ventilações – mantenha vedadas as entradas de ar e use respiros dissecantes para evitar que ar úmido e poeira entrem no tanque.
Realize manutenção preventiva – substitua filtros mais frequentemente, verifique sinais de ferrugem e borra e siga as recomendações do fabricante para motores B15.
Conclusão
A mudança para o diesel B15 representa um passo importante na descarbonização do setor de transportes, mas exige atenção redobrada de revendedores, frotistas e motoristas. A água é o principal inimigo da qualidade do diesel: ela chega por condensação, vazamentos ou contaminação na entrega, desencadeia borra biológica e acelera a oxidação. Com mais biodiesel na mistura, a tendência é que a higroscopicidade aumente e os problemas se agravem. Portanto, manter tanques secos, adotar medidas preventivas e utilizar aditivos adequados serão atitudes indispensáveis para garantir a eficiência dos motores e prolongar a vida útil do combustível no cenário do B15 brasileiro.
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